É o ar, é o vento. Disse Jesus que o Espírito sopra onde
quer, ninguém pode mandá-lo para lá ou para cá; apenas sopra. Perguntar “o que
é espiritualidade?” é um exercício sem sentido – é uma palavra sem boca, sem
pé, sem rosto, sem destino, sem determinação –; o significado se dá apenas na
experiência com o Espírito, quando ele se revela, se manifesta. Aquilo que se
refere ao Espírito se refere apenas enquanto ele sopra, enquanto se nota que o
vento sopra.
Quando falamos de “espiritualidade”, talvez por não a
“vermos”, imaginamos algo que está dentro de alguém, partindo de alguém, uma
experiência individual, confinada em uma ou outra pessoa que são sensíveis ao
espírito, a algo místico. Porém, vento não sopra trancafiado dentro de uma
casa, fechado num pote, escravo de uma pessoa, dentro de um só coração.
Espírito é vento, sopra onde quer, passa entre as casas, corre as ruas, faz
bandeiras balançarem, refresca muitos ao mesmo tempo, não só um.
Comunidades se reúnem e desfrutam do mesmo ar, partilham o
mesmo vento. Desconhecidos que se encontram trazem consigo novos ares. O
movimento de corpos agita o ar. Creio que espiritualidade não esteja lá ou
aqui, mas entre relações. Relações não tem lugar, tem experiências. A
experiência com o Espírito não é propriedade do pai, da mãe, da criança, do
pastor, do arquiteto, do músico, do ancião, do jovem ou de alguém, mas da
Igreja, ou seja, do que acontece entre os membros, entre pessoas, entre casas,
entre corações.
O pertencimento à Igreja não é o confinamento do Espírito em
quatro paredes – pois então o vento não sopraria, seria tudo, menos Espírito.
Relações que são tocadas pelo mesmo Espírito são Igreja, não as paredes aonde
nos encontramos. Para que nosso vento não morra, para que o Espírito não deixe
de soprar, não podemos nos fechar em quatro paredes, porém, não podemos também
parar de nos encontrarmos. Precisamos de um encontro, de um lugar/momento que
propicie relações. Precisamos ser Igreja, participar da Igreja. Espiritualidade
é a experiência viva da Igreja de Jesus Cristo.
A série de metáforas e silêncios, cantos e celebrações,
descrições das experiências vividas e testemunhos, choro e luto, podem ser
expressões da espiritualidade, podem ser filhas de relações que trazem
esperança, renovo, nova vida, a Fé. Como disse João, se pregam o Jesus
ressurreto que vive em nós – está entre nós –, são do Espírito de Cristo,
apresentam a eternidade. É a experiência de Cristo em nossas relações que nos
consola e reanima, traz um novo ar, um sopro, um vento que movimenta e refresca
a esperança que podemos chamar de espiritualidade: aquilo que é experimentado
do Espírito...
Gratis i Kristus
muito bom! adorei
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