segunda-feira, 29 de junho de 2009

O mais novo e o mais velho

Não! Não! Não! Vá por ali! Vá por aqui! Não vá! Vá logo! Dá para fazer o certo ou está difícil? ...
Numa trilha escura de uma mata desconhecida por dois aventureiros, um mais velho e um mais novo, estes estavam perdidos. O mais novo cheio de energia e vigor logo tomou a frente até chegarem a uma encruzilhada. Corrompido pela vontade e a adrenalina encaminhava-se por ímpeto do coração para a esquerda em direção a um rio quando o mais velho o parou para dar-lhe um conselho em tom de bronca. Carrancudo e com os pulmões carregados do ar da experiência repreendeu o mais novo dizendo-lhe que em outra trilha tomara um caminho semelhante quando tinha a idade do mais novo e enfrentara águas bravas, barrancos íngremes e trechos estreitos de mata fechada. Daria muito trabalho fazer tudo isso, seria estupidez, tolice infantil, atitude juvenil. Se tomassem o caminho da direita, de acordo com o mais velho, seria mais tranquilo e menos cansativo. O mais novo parou, olhou para cima, respirou e perguntou porque o mais velho tomara aquele caminho anteriormente. Prontamente o mais velho respondeu que o tomara porque era inexperiente e cheio de pique, vigor e gás para queimar. O mais novo retrucou perguntando como descreveria esta caminhada que fizera quando jovem. O mais velho olhou para o chão, esvaziou os pulmões e respondeu: "Uma grande aventura".

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A (não) contribuicão da Universidade

A ciência, mitificada como o correto, pleno e verdadeiro tipo de raciocínio ou conhecimento, é produzida, protegida e ao mesmo tempo senhora toda-poderosa e absoluta nas universidades, os famosos e famigerados centros acadêmicos (o templo do saber). Onde há a sapiência, a evolução e o fortalecimento do pensamento humano que procuram o "bem" da humanidade. Que magnífica ciência! Representada de maneira brilhante nas personagens de filmes, quadrinhos e desenhos animados de super heróis, nos quais interpretam cientistas e gênios inteligentíssimos que desenvolvem tecnologias e fazem descobertas espetaculares para o já mencionado "bem" da humanidade, mas, em sua ingenuidade e pureza de coração, as passam para pessoas más, não "científicas", ou não cientistas, que com essa tecnologia e/ou descoberta, trazem ao mundo o caos. Talvez seja por isso então (e agora chego onde queria com essa introdução) que os acadêmicos enclausuram-se em Universidades, no universo do conhecimento. Cercam a ciência com quatro paredes e uma porta acessível apenas para vestibulandos bem sucedidos, põem-na dentro de uma roda feita por eles mesmos e protegida por palavras difíceis, contas e números "complexos", eludicões inacessíveis e a aversão ao "tinhoso", "nefasto", "demoníaco", Senso Comum (o deus adversário da deusa Ciência).
Mas todos sabemos que essa ingenuidade dos cientistas e sua preocupação em entregar suas descobertas apenas para as pessoas "certas", abençoadas com o objetivo do "bem" da humanidade, é falso. Mais falso ainda a existência desse objetivo, já que o conhecimento produzido permanece dentro do centro acadêmico e não avança para a humanidade como um todo que ao que parece depende e espera que alguém traga a salvação para ela. Os acadêmicos criticam e satirizam quem está fora desse meio como pertencente ao senso comum, mas não tem preocupação alguma de tirar. ou melhor, colocar os excluídos por dentro do mundo do conhecimento científico. Porque será que tratam o senso comum como "burrice" que precisa ser erradicada mas ao mesmo tempo não há o movimento para que isso aconteça? Porque será que o debate fica apenas dentro desse meio? Porque será que não é disseminado e de maneira compreensível transmitido o pensamento e o conhecimento obtido pela ciência?
Bom, para responder essas questões, poderia me valer da idéia de que o Estado ou o sistema capitalista necessita não de pensadores que reflitam sobre suas condições e tenham conhecimento de direitos, tecnologias, meios de defesa do indivíduo e boa argumentação. Mas isso seria muito simplista, paranóico e me levaria a cometer um grave erro; dentro das Universidades há o ódio profundo revolucionário e libertário contra o capitalismo, o Estado, a sociedade repressora e coisas do tipo. Portanto, o problema não está nesta questão apenas, ela também faz parte dessa discussão, mas não explica o porque o conhecimento produzido nesses meios revoltosos e científicos não extravasam suas fronteiras. É nítido que o problema está não na produção do conhecimento, mas em seus desdobramentos.
Para avançar no debate e na discussão da transmissão do conhecimento produzido nos meios acadêmicos é preciso entender primeiro qual a função da Universidade, do ensino chamado superior. Claro, se retiramos dos acadêmicos o conhecimento produzido por estes e repassamos para os "de fora", estes terão (na atual concepção de ensino superior) perdido o controle sobre o debate não serão mais os únicos capazes de discuti-los, e assim, consequentemente, seus diplomas perderiam o valor "especial" já que outros também tem conhecimento do assunto (pois este fora transmitido) e poderão superá-los quem sabe ou até mesmo dar pontos no debate. Esse "toque especial" do diploma, que credencia uma pessoa a ser produtora de conhecimento, responde as questões antes colocadas como o porque será que tratam o censo comum como "burrice" que precisa ser erradicada mas ao mesmo tempo não há o movimento para que isso aconteça? Pois é necessário que haja um desconhecimento da ciência para que os detentores do acesso a deusa sejam sacerdotes especiais e poderosos. Porque será que não é disseminado e de maneira compreensível transmitido o pensamento e o conhecimento obtido pela ciência? Porque essa perderia então seu status mitificado de detentora da verdade. Aliás, fazendo um breve comentário, os excluídos pertencentes ao senso comum estão tão distantes da ciência que estes, quando a descobrem, descobrem infelizmente um vestígio desta que já foi ultrapassado e tido como errado e mentiroso.
Me prolongo nesse devaneio e insisto nesta reflexão pois durante o meu semestre de Ciências Sociais na UFPR fui assolado por uma pergunta a qual não pude responder feita por meu professor de sociologia: "Porque você tem que fazer uma faculdade? Pra que serve a Universidade?". Pensei que fosse para a produção de conhecimento, mas este não sai das quatro paredes como repeti varias vezes durante o texto. Reli meus dois textos sobre educação ("'Ensino Básico' e 'Livre pensamento'"), e vi que nas minhas conclusões, as especialidades e o desenvolvimento de uma habilidade para o exercício de uma profissão viria no ensino superior, e essa idéia continua comigo, essa é uma das funções do ingresso na universidade, aprender a se virar, pensar, viver e ter uma habilidade que permita a funcionalidade e um papel do indivíduo dentro do meio em que vive, buscando sempre a melhoria não apenas de si, mas de sua relação com o meio e este propriamente dito. Mas, a grande missão e instrumentalização de uma Universidade não é a produção do conhecimento, mas a transmissão do adiquirido. O temido senso comum é uma forma de pensamento e todos os dias produzido e utilizado, mas não porque os excluídos do meio acadêmico sejam "burros" ou desinteressados em aprender e conhecer a ciência, mas porque este é transmitido de uma maneira prática e pragmática, não simples no sentido de simplória, mas no sentido de ser completa, poucas palavras ou ilustrações que exemplificam e trazem a tona uma lógica que passa a ser de fácil percepção. A ciência, por ser tão poderosa e verdadeira, deveria ser transmitida dessa maneira também, e não enclausurada por blindagens intransponíveis. Até dentro da própria ciência as vezes há falta de transmissão de conhecimento. Um médico se especializa e estuda tanto uma área, faz descobertas e tem toda a bagagem científica consigo, mas não consegue dividir esse conhecimento com outros e assim compreende e sabe tudo de sua especialização, mas está distante do outro que se especializou em outra área e sem comunicação entre os dois, cada um cuida de uma parte do problema de saúde de alguém e nenhum chega a uma solução. Nesse percurso poderia ser um problema piscicológico, e o piscicólogo nem chamado para ter conhecimento do problema é. Como pode ser reflexo do meio onde o paciente vive, e um assistente social ou um sociólogo não é chamado para contribuir na descoberta para o "bem" do paciente que faz parte da humanidade.
A Universidade e o ensino superior não são para adiquirir conhecimento, mas para transmitir o adiquirido. De que adianta ter ouvido uma piada engracadíssima e guardá-la para si? Ou não conseguir contá-la a ninguém? A piada cumpriu sua funcao? Além de você que tomou conhecimento da piada, quantos mais riram e se divertiram com ela? Qual o valor de um conhecimento produzido se este será usado por poucos ou por ninguém para a integração de pessoas a sociedade e a formação destas como cidadãos e melhores seres humanos? De que adianta ter uma casa de praia com piscina se você mora sozinho e nunca chama ninguém para passar um fim de semana e nadar um pouco? O diploma não deveria nos dar o direito de participar do debate e da produção do conhecimento, mas o de transmiti-lo e de fato torná-lo um bem para a humanidade. O que torna um acadêmico especial não é seu conhecimento adiquirido, mas o transmitido.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Milagre

Algo sobrenatural aconteceu. O inexplicável. Incompreensível! Num dia de muita chuva um homem LEVANTOU e ANDOU, foi até a padaria e para comprar uma caixa de leite. No caminho VIU uma criança chorando. OUVIU sua mãe implorando uns trocados. Seguiu seu curso. Entrou na padaria, contou as moedas da carteira e comprou 3 caixas de leite. Abriu o mar de gente que estava a sua frente, passou a pé enxuto entre os carros estacionados, derrubou o gigante da indiferença e deu duas caixas de leite para a senhora e sua criança. Não foi preciso ser paralítico que levanta e anda, cego que passa a ver, surdo que vem a ouvir, homem que reparte as águas ou rapaz que vence um gigante em carne e osso para ser testemunho de u milagre na vida de alguém. Passou de alguém que crê para alguém que é.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Carta ao leitor

Camarada,

Ao ler um texto, não tente arrancar idéias em cada frase. Abstraia o conceito presente no contexto. Aliás, nunca se esqueça de que é necessário ter sempre em mente o contexto, já que texto fora de contexto torna-se simples pretexto. Tenha consciência de que num parágrafo não há um conjunto de idéias fragmentadas, mas um fragmento de uma idéia. Não se prenda a pontos, vírgulas e acentos. Utilize da criatividade e da imaginação para construir imagens, figuras, ícones e momentos. Procure mergulhar fundo na lógica e na escrita do autor. Seja curioso e busque descobrir o fim da ciência, filosofia ou narrativa antes que esta seja apresentada de fato nua e crua para você. Dialogue com o texto. Trabalhe com as palavras. Encante-se com a leitura, mas seja crítico com esta também, sabendo que crítica não é rechaçar o texto, mas, muito pelo contrário, conceder-lhe tal valor ao ponto de empenhar-se em analisá-lo como um todo e procurar a coerência e a coesão deste. Além dessas simples dicas meu camarada, minha intenção é que você leie e sinta o prazer de ler, mesmo que a literatura não seja das mais compatíveis com seus gostos e interesses. Ouça, pense e reflita o que te digo.

Atenciosamente,

A voz que fala dentro de tua cabeça enquanto você lê.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O presidente e a Yakusa

Estudando o Japão e o avanço do estudo sociológico nesse país, eu descobri muito sobre a influência da famigerada e mundialmente famosa máfia japonesa, a Yakusa. Muito organizada e com regras rígidas e severas para controle dos envolvidos com a máfia, uma das práticas de punição mais comuns aos incompetentes era cortar um dos dedos. Por causa disso, os envolvidos tinham dificuldade de conseguir emprego, já que ter um dedo a menos significava que além de mafioso, era incompetente. Então, o Lula...

Ah! Que frio!

O despertador toca. Meus olhos se abrem lentamente. O sol ainda não deu o ar da graça, mas já dá uma iluminadinha no quarto. Com o corpo todo debaixo das cobertas, os músculos enrigessidos tentando suportar o frio e o peso de um denso ar gelado sobre mim, me preparo piscicológicamente para sair de meu abrigo quente e enfrentar o inferno gelado do mundo de "Fora da Cama".
Um, dois, três, foi! Um salto da cama, o pé esquerdo no chão (como se fizesse diferença este detalhe) e a pior sensação do mundo; o corpo travado, mas ao mesmo tempo tremendo. Nessas horas nós homens descobrimos como é ser mulher, como é a sensação de não ter nada entre as pernas. A cueca quase que é engolida pelo único orifício possível para que isso aconteça, as pernas entortam e os dentes quase quebram de tanto baterem uns nos outros.
Mas as peripécias de um dia frio no mundo de "Fora da cama" não param por ai. Ao entrar no banheiro acontecem duas coisas mais complicadas ainda. Primeiro o ato de esvaziar a bexiga, tirar água do joelho, urinar, molhar o vaso, fazer o numero 1... dar uma boa mijada matinal. Já é difícil fazer isso com sono, agora, tentar achar o que quase desapareceu, colocá-lo para fora no frio e acertar a mira enquanto treme mais do que quem tem Parkson, é uma missão muito mais complexa. Segundo o ato de lavar o rosto, tirar remela com água, e... e... não sei outras expressões que remetam a essa ação. A nossa mão praticamente já congelou, e para deixar mais gostosa a sensação, a água que ficou a noite inteira numa caixa nem um pouco térmica e sem um raiozinho de sol e recebendo muito ar gelado vem de tal maneira que ao tocar nossas mãos faz com que um arrepio suba do calcanhar até a nuca e fiquemos alguns segundos (que parecem uma eternidade) sem reação.
Ao sair de casa e olhar o termômetro marcando 0 graus celcius, a grama e as folhas das árvores assim como os carros que ficaram brancos por causa da geada, ver uma fumaça me perseguindo e descobrir que é a minha respiração e, depois de o sol dar o ar da graça, descobrir que ele só veio para enfeitar o dia, a única coisa que vem a minha mente é um poema por mim criado repetido várias e várias vezes: "Ponte que o partiu (na versão mais "suja" da expressão) que frio! Será que estou mesmo no Brasil?". AAAAAHHHHH!!!!! QUE FRIIIIIO!!!!