quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Religiosidade Política


Sempre escrevo sobre Fé, religião e espiritualidade. Hoje postarei comentários de religiosos que partilham de sua religiosidade em todas as esferas de sua vida: muçulmanos.

A emissora de televisão "Al Jazeera" (que foi a emissora de televisão com a maior expansão de rede dos últimos anos) noticiou a eleição da primeira mulher governadora de distrito no Afeganistão - depois da queda do regime talibã em 2001-2002.



Saira, moradora de uma cidade onde habitam 5.000 famílias, disse, ao assumir, que governaria pela "mudança e pelo progresso". A Al Jazeera noticiou a posse da primeira mulher governadora de distrito com grande entusiasmo, o que gerou alguns comentários interessantes de muçulmanos em páginas do facebook e que tomei a liberdade de traduzir:

"Bosniaco Vero: Aljazeera, vocês são propagandistas. O que é governadora de distrito? Temos mulheres Governadoras provinciais, mulheres chefes de polícia e até uma ministra da guerra, mulheres com os homens sob seu controle e temos mulheres candidatas a eleições. Aljazeera é um fantoche do presidente do Ocidente. Booooo!!! [...] não houve momento na história islâmica em que as mulher eram mais respeitadas do que exatamente na era do Profeta Maomé, então o que você está falando?? Uma mulher governou Aleppo 800 anos atrás, uma mulher governou o Paquistão há 40 anos, por que as pessoas estão sendo estúpidas para agradar hipócritas do Ocidente??"

"Umar Abdul Farouq: Eu acho que as mulheres ganharam o direito de governar, o tempo do profeta Maomé foi totalmente diferente do nosso tempo. Homens deram às mulheres a paz de espírito naqueles dias, tudo o que oferecem hoje são a guerra, o desemprego, a fome, a mágoa... Querem comparar o tempo do profeta Maomé com Bashir al'Assad? Conosco, homens de hoje, nossas mulheres precisam é de cuidado para crescerem fortes, porque as coisas podem evoluir."

"Abdelali Azhari: Esperemos que a América aprenda com o resto do mundo e um dia logo eleja um presidente do sexo feminino. América é realmente o único país 'desenvolvido' que nunca teve um presidente do sexo feminino. É engraçado como os americanos criticam os outros de oprimir as mulheres, quando na verdade, as mulheres nos Estados Unidos são as mais oprimidas."

"Umar Abdul Farouq: Deus salve sua alma. Há alguns retardados que acreditam que as mulheres não devem governar sobre os homens, agora ela será infiel a eles! LOL."

"Shoaib Adam: Se os homens e as mulheres do Afeganistão estão fazendo isso para a guerra de gênero como no ocidente, em seguida, será a sua queda. Se eles estão fazendo para trazer o Islã de acordo com Deus e seu Mensageiro, que foi rotulado como terrorista, então talvez haja alguma coisa para falarmos sobre."

As posturas e decisões dos países muçulmanos se confundem com a religião, carregam explicitamente o fervor de sua Fé. Entretanto, em qual lugar no mundo uma decisão não é sustentada por crenças, confiança, experiência de Fé? Uns se justificam em cartas de direito "laicos", outros em uma política que tenta ser "fria", mas, qual não está seguro pela Fé e pelos desejos escondidos no fundo dos olhos dos homens? 



Gratis i Kristus



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Fundamentalismo: pelo fundamento

Já disse outra vez em outro post que não gosto de "ismos" - o único que me interessa é o cristianismo; por causa de Cristo, e não do "ismo". Porém, aqui nesse texto, lançarei mão de um termo muito gasto e que termina com "ismo". Assim como quanto a Cristo, não o usarei por causa do "ismo", mas, por causa do "fundamento": fundamentalismo.

Esse termo anda muito desgastado. Para um grupo ele remete ao movimento de guarnição da sã doutrina e salvação da humanidade, enquanto que para outro é exatamente o contrário: objeto a ser jogado fora e considerado um lixo produzido pela mesma humanidade. Para mim, não será nem uma coisa e nem outra. Aprendi num livro infantil (Alice no País dos Espelhos) que as palavras dizem aquilo que eu quiser que elas digam - dependerá do salário que eu pagar para cada uma delas.

Não vou criticar quem ataca o fundamentalismo ou todo tipo de tradição - apesar de achar que atacar tradições pelo fato de serem tradições é uma grandessíssima besteira -, e muito menos defender quem se firma tanto a tradições que não consegue mais sair do barco e andar sobre as águas para se encontrar com Cristo. Vou aqui dizer que creio em um fundamento, que o defendo e que jamais abriria mão dele. Creio que esse fundamento seja chave de nossas relações de proximidade e de nossas relações com Deus. Creio em um fundamento que é o ponto de partida e o alvo em que devemos manter os olhos fixos. Creio que nos fundamentamos em nosso encontro com Cristo.

O ponto de partida de nossas experiências de Fé é o que chamamos de "encontro com Jesus". Alguns marcam dias, escolhem datas, períodos, músicas e outros escolhem afirmar que esse encontro precisa ser repetido todos os dias. Qual será a afirmação, acho que não faz diferença. O importante é que nossa construção de Fé e toda nossa caminhada dependerá desse encontro, do resgate desse encontro, das interpretações que daremos à experiência desse encontro. Temos nosso fundamento: o encontro.

Ao mesmo tempo que esse encontro é o ponto de partida, deveria ser ele o filtro para as próximas escolhas de nossa vida - nossa Nova Vida. Deveria ser através dele nosso processo de alimentar esperanças. Deveria ser ele o crivo, a pedra fundamental para nossa interpretação da Bíblia e suas passagens. A experiência íntima e única com Cristo deveria guiar nossos passos, apontar para onde devemos seguir, apontar para Cristo. Assim como a Ceia, o encontro com Cristo é resgatar na memória as esperanças para o futuro...

Nesse ponto, devemos ser "fundamentalistas" - não abrir mão do primado do encontro com Cristo. Carlos Mesters disse que Deus escreveu dois livros: a Vida e a Bíblia, sendo que o primeiro deve ser lido antes para que se entenda o segundo. É exatamente isso! Nosso encontro com Cristo se dá na vida, no cotidiano, na experiência com a Vida; é depois dela que temos a experiência religiosa, de leitura Bíblica, costumes, reflexões, renovações ou o que mais quisermos listar.

Sim, há um fundamento a ser guardado, há um ponto em que devemos ser fundamentalistas. O que me intriga é essa tentativa de resgatarmos a experiência do encontro com Cristo - os sentimentos, o que dissemos, o que ouvimos, o que testemunhamos, pois, se foi uma experiência de amor, como leremos os textos bíblicos? Se é uma relação de redenção imerecida, como nos relacionaremos com o próximo? Se é uma experiência que transcendeu paredes, roupas e aparências, como trataremos as diferenças? Se nos foi Revelado de maneira que entendemos e todos podem também entender quando testemunhamos sem a necessidade de esforço, o que afirmaremos sobre profecias? Se resgatarmos esse fundamento, em que chão estaremos pisando?



Gratis i Kristus