quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Se certeza nenhuma temos, qualquer decisão é certa

Alice, enquanto passeia pelo País das Maravilhas, chega em uma encruzilhada. Caminhos ao norte, nordeste, leste, sudeste, sul, sudoeste, oeste, noroeste e norte de novo. Para onde ir? Logo o Gato surge e indaga esta mesma questão. A dúvida permeia o coração da criança que em resposta exprime: "Não sei!". O Gato então utilizando de um sorriso sarcástico retruca com brilhantismo ironia: "Se não sabes para onde ir, qualquer caminho serve".

Fico fascinado com este trecho do antigo conto infantil, que de infantil nada tem. A dúvida abate de tal maneira a criança que está começando a compreender o mundo adulto de amanhã, que já não imagina qual possa ser a saída. Não sabe onde quer chegar. Não enxerga como são os caminhos que pode tomar e onde estes a irão levar. Se certeza nenhuma temos, qualquer decisão é certa, esta é a solução do Gato.

Tomemos nosso mundo adulto; estudamos e saudamos o passado, vivemos de nostalgia. Fazemos perspectivas, projeções e tentamos adivinhar o futuro. Traçamos planos e vivemos eles em nossas cabeças sem estes nem sequer existirem na vida real. Queremos refazer o passado e controlar o futuro, mesmo sem saber qual caminho tomar, como ele correrá e onde dará. Estamos em constantes encruzilhadas e vivemos com medo de dar o próximo passo, já que não sabemos onde os caminhos darão e as vezes nem aonde queremos eles dêem.

Conheci no feriado do Carnaval deste ano um cara chamado Alberto. Contou-me que quando prestara vestibular, escolhera biologia por não saber o que de fato queria e a única coisa que lhe interessara no colégio fora uma aula de dissecação de rato. Arriscou uma carreira tomando um caminho que nem imaginava onde daria, já que "se certeza nenhuma temos, qualquer decisão é certa". Hoje, ama o que faz, não se arrepende de nada.

Quando prestei e cursei Ciências Sociais, fiz isto por medo de arriscar a princípio o que move meu coração. Por não saber que caminho pegar, tentei traçar o meu baseado no dia de amanhã, no que imaginava que teria nesse percurso, e não era nada das expectativas que planejei. Refleti, parei, acalmei meu coração, tentei ouvi-lo e compreendi que precisava desde hoje correr atrás do que me importa, do que me faz andar, dos sonhos que moviam meu coração, não aonde eu queria chegar, mas, como uma aula de dissecação de rato, o que me interessava. Parei o caminho que estava trilhando, voltei, e por não saber o amanhã e onde/como chegaria, trabalhei a favor de meus instintos e faço apaixonado Teologia.

As vezes temos medo do amanhã. Mas é claro, não o enxergamos, e há uma gama de possibilidades que nos cercam. Como aprendi com um amigo conservador meu: "O grande problema da vida são as opções, por isso sou contra elas". Temos dúvida por falta de controle do amanhã. As opções se abrem e nós só podemos escolher uma por vez. Em certos momentos trilhamos por tanto tempo alguns caminhos que já não se é mais possível retornar ou tomar outro. Ainda assim, a grande questão é: "se certeza nenhuma temos, qualquer decisão é certa". Por essa maneira de enxergar a vida, percebemos que NÃO DEVEMOS VIVER O AMANHÃ ANTES QUE ELE CHEGUE, não precisamos inventar um futuro e buscá-lo, mas compreender o presente e vivê-lo.

Se a cada dia basta seu mal, se as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã (uma por vez), se o destino não está traçado, se a vida tem que ser vivida, se a vida por Cristo é vida em abundância, ela tem que ser vivida e consumida com intensidade. Um passo de cada vez, um tempo de cada vez, um dia após o outro, o presente tem que valer a pena, tem que ser vivido. Não sabemos onde os caminhos terminam, mas vamos conhecendo-os a medida que são trilhados e assim enxergamos as flores e as pedras que estão no meio, que podem ser cheiradas, aproveitadas, atiradas ou retiradas para que seja valoroso o tempo de viagem.

O presente de fato é um presente. É a única coisa concreta que temos. A dádiva Divina da vida não é para o antes ou para o depois, é para o agora. Para não nos sentirmos completamente desonerteados nestes caminhos, temos uma luz do mundo que foi levantada numa cruz para que todos vissem onde e como chegar. Para que a vida tivesse sentido e significado. O Caminho, a Verdade e a Vida nos norteia, apostamos em uma trilha e confiamos, já que o que se foi se foi e o que será talvez não seja. "Se certeza nenhuma temos, qualquer decisão é certa". Não tenha medo do próximo passo. Não tenha medo de onde suas opções podem o levar, apenas siga o que ama, norteie-se por valores que dêem sentido a vida e deixe que o amanhã... talvez nem Deus saiba.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A cada dia que passa

Cada dia que passa é um dia a mais vivo. Mas um dia a mais perto da morte. Não acredito que cumpramos destinos e decretos esquadrinhados pelo além, mas sou certo de que minha vida ruma para um fim, um fim comum a todos. Cada dia que passa estou mais próximo desse fim. Cada dia que passa é um dia a menos de vida. De qualquer jeito, estou morrendo aos poucos.

Estou morrendo. Todos estamos. A certeza do fim nos desespera. Sonhamos então com um bom fim. Entretanto, creio que a idéia da vida não é viver na espera de uma boa morte, mas morrer em função de uma boa vida.

Mortes tristes, pesadas, repentinas ou sofridas nos angustiam. Talvez Cristo não precisasse morrer da maneira trágica que morreu. Talvez a morte simples e tão frágil de Aquiles não precisasse ser como foi. Talvez Martin Luther King não precisasse morrer assassinado em um quarto de hotel. O que importa no fim não são os "talvezes", mas as certezas, de que estes de um jeito ou de outro caminhariam para o fim, porém não viveram em prol deste, mas em função de toda uma vida. A idéia de Cristo não era morrer, mas ensinar a viver. Aquiles não se importara com seu calcanhar pois sonhava em imortalizar sua coragem e apego aos sonhos. Martin Luther King era ciente de que muitos o queriam morto, mas esta não era sua preocupação, queria de fato dar sentido a sua luta.

Creio que a idéia da vida não é viver na espera de uma boa morte, mas morrer (todos os dias) em função de uma boa vida.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Um fim que me dá esperança

Não contamos até o infinito por este ser extremamente chato, tristonho, depressivo e sem graça. As vezes, quando crianças, tentamos ir o mais longe possível em nossas contagens, mas isso é muito chato. As vezes sonhamos por um momento que não acabe, torcemos para que não tenha fim, por ser muito bom. Mas ele acaba, e continua sendo bom. Teve um fim, e continua sendo bom.

Gerundismos a parte, nesse caso, continuar sendo está correto! O momento findou, mas, se continua sendo na minha memória, ainda está em algum lugar, ainda existe em mim. Continua sendo bom por ter acabado. Hoje a nostalgia me traz lagrimas aos olhos para que estas reguem a flor da lembrança e façam brotar um pouco mais de esperança em meu coração.

Ser e estar tentam traduzir o existir. No ingles, inclusive, são um só e mesmo assim apenas tentam. Kierkegaard e sua filosofia existencialista, também tentou trazer aos olhos do homem a clara imagem de que compreender sua existencia, que é a única realidade finita e concreta, é o que traria esperança para uma vida desesperada. Não importa, insistimos em contar o infinito, em sermos eternos e estarmos na eternidade.

A finitude traz beleza e solenidade aos segundos. Se somos conscientes de sua finitude, a nossa vida ganha dinamica e a dos outros importancia. Amemos aos outros como a nós mesmos, pois aqui os proximos são finitos e nós também. Os momentos podem ser bonitos, e nós também. Tudo depende de onde está fincada nossa esperança: se em esperar o eterno ou viver a eternidade. Esperar o eterno é deixar a vida correr, a dinamica estancar, a inércia carregar tudo para onde sabíamos que iria dar, mas escondíamos de nós; o fim. Viver a eternidade é sorrir a cada dia, amar a finitude do outro estando cientes da nossa e fechar tudo com um "grand finale"; "Viveu tão bem sua finitude, que eternamente lembraremos da vida".

Se há vida eterna, vida em abundancia, quero que todos descubram-na. Amar a vida, não a saúde, não a eternidade, mas o curto espaço de tempo em que existimos, e vive-la intensamente, é a chave da esperança, e se esta é a última que morre, é a chave da eternidade. Existe em mim a memória de vidas que foram vividas e que me apontam para uma Vida que me move a viver.

In memoriam de Allison Ambrosio; que por existir cada momento, por gozar das finitas alegrias, cantar tantas canções carregadas de nobres fins e por amar a vida, é impossível crer que não respire mais. Em suas lembranças deixadas existe tanta alegria, que pra eternidade gerarão vida e vida em abundancia. Morreu hoje Jesus. Jesus Allison Ambrosio, de quem a vida inspira vida, de onde do fim surge recomeço, do qual a morte gera aquilo que me dá esperança. Vivamos a vida como ele a viveu, viveu até o fim e viverá em nosso recomeço.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O fim dos tempos ; A volta de Cristo

Por esses dias (na plena falta do que fazer de férias), sentei próximo a uma roda de amigos que conversavam sobre a Bíblia. Sendo um assunto um tanto quanto atrativo para um seminarista (meu caso), reclinei a cabeça em direção a roda de conversa para ouvir e compreender melhor o que estava em discussão. Como normalmente são essas rodas de discussão sobre a Bíblia, a grande questão era sobre o "futuro". Dessa vez a palta não era se Deus conhecia ou não o futuro (graças a Deus, ou a roda ... sei la), mas como seria o que nos chamamos de "Apocalipse", ligado diretamente com o "fim dos tempos", e que parece gerar medo, preocupação e pânico nas pessoas.

É interessante que colocamos Apocalipse como fim, e, em outros idiomas como o ingles, por exemplo, chamam este livro de Revelação, o que dificulta a ligar a palavra ou o livro a um fim. O grande problema da discussão era "como será o fim dos tempos?", "o que acontecerá?", "vocês viram que agora tem um chip que se coloca no pulso direito?"

Na primeira brecha que abriram na conversa, o inimigo (eu) que estava a espreita como um leão, atacou com seus dardos inflamados da duvida e da reflexão. Minha primeira questão foi incendiar a roda com a pergunta "haverá mesmo um fim", depois, "literalmente como está escrito?", "será que não é possível agente enxergar o que quiser naquele bando de metáfora?". Por culpa de uma série de livros que se tornaram filme chamada "Deixados para trás", a idéia de um fim absurdo, pesado e drástico parece completamente aceita e indiscutível.

Com minhas perguntas e questionamentos, surgiram outras em minha direção, por parte da roda, a fim de descobrir como as coisas seriam (como se eu tivesse cara de oráculo, vidente, paranormal ou coisa do tipo). "Você acredita então que não terá fim? Que Jesus não vai voltar?"

Independente das respostas que as pessoas queiram, se há ou não um fim, se eu sei o futuro, se Deus estabeleceu esse fim, como Jesus vai voltar, se o mundo será destruído por fogo (porque teoricamente para quem crê nisso, não dá para ser por água já que Deus no dilúvio falou que não destruiria o mundo com água, mas em São Paulo e em praticamente todos os lugares do mundo pessoas morrem aos poucos afogadas e cidades destruidas por causa de chuva, mas tudo bem, eu sei que não é o mundo inteiro de uma vez e bla bla bla), a grande questão é: "como vemos a volta de Cristo (que chamamos de fim)?"

Bom, relacionamos a volta com ele surgindo, pessoas desaparecendo e o mundo entrando em colapso. Fato: o mundo está em colapso desde que o mundo é mundo. Ele entra e sai tão rapido desse colapso que o colapso em si é continuo. E se pensarmos bem no significado de uma volta de Cristo, de uma salvação da humanidade e de que o livro que temos medo, preocupação e pânico é a revelação de Cristo para João transmitir esperança e força para as pessoas suportarem a vida, é perceptível que algo está errado, porque nossa leitura nos leva a ao invés de salvar, condenar a humanidade e ao invés de esperança, terror.

Trabalhemos toda essa história e esse "fim dos tempos" ou volta de Cristo com a vida. Temos uma vida atribulada, colapsada, nosso mundinho um caos até no dia em que você percebe que um Jesus morreu por você, um Deus te ama e muda-se a maneira de viver. O nosso mundinho pessoal, nosso coração, caminha para uma outra rota, para um outro rumo, é trabalhado até ruir e acabar para dar lugar ao Reino de Deus, um Jesus que ressussita dentre os mortos, sobe ao Pai e retorna a sua vida. Agora já não é você mais que vive em você, mas Cristo vive em você. Já não é mais seu mundo, este ruiu, é um Reino de Deus, de paz, amor e que gera vida e vida em abundância.

Se o mundo vai acabar, se será em fogo, água, terra, coração (vai Capitão Planeta!) não importa! Basta a cada dia seu mal, o dia de amanhã sabe-se lá como será. Sabemos apenas que as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã, e que há esperança, porque todos os dias um Jesus retorna para trazer o Reino para minha vida. E ai é minha opção de querer o Reino e a volta de Cristo em mim para que haja um fim dos tempos na minha maneira de ser eu e apenas eu, ou de continuar num mundo falido solitário. Se há fim não sei. Mas que Cristo volta todos os dias quando alguém ama o próximo e vive o Reino, eu sei.







OBS: Qual o problema do chip? A Bíblia é tão específica que diz que é um micro-chip de 0.3 mg que substitui sua carteira, dados pessoais e cartão de crédito? Isso ai facilitaria bastante a minha vida ... já sou quase adepto aos primeiros testes ... hehehe