terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Um fim que me dá esperança

Não contamos até o infinito por este ser extremamente chato, tristonho, depressivo e sem graça. As vezes, quando crianças, tentamos ir o mais longe possível em nossas contagens, mas isso é muito chato. As vezes sonhamos por um momento que não acabe, torcemos para que não tenha fim, por ser muito bom. Mas ele acaba, e continua sendo bom. Teve um fim, e continua sendo bom.

Gerundismos a parte, nesse caso, continuar sendo está correto! O momento findou, mas, se continua sendo na minha memória, ainda está em algum lugar, ainda existe em mim. Continua sendo bom por ter acabado. Hoje a nostalgia me traz lagrimas aos olhos para que estas reguem a flor da lembrança e façam brotar um pouco mais de esperança em meu coração.

Ser e estar tentam traduzir o existir. No ingles, inclusive, são um só e mesmo assim apenas tentam. Kierkegaard e sua filosofia existencialista, também tentou trazer aos olhos do homem a clara imagem de que compreender sua existencia, que é a única realidade finita e concreta, é o que traria esperança para uma vida desesperada. Não importa, insistimos em contar o infinito, em sermos eternos e estarmos na eternidade.

A finitude traz beleza e solenidade aos segundos. Se somos conscientes de sua finitude, a nossa vida ganha dinamica e a dos outros importancia. Amemos aos outros como a nós mesmos, pois aqui os proximos são finitos e nós também. Os momentos podem ser bonitos, e nós também. Tudo depende de onde está fincada nossa esperança: se em esperar o eterno ou viver a eternidade. Esperar o eterno é deixar a vida correr, a dinamica estancar, a inércia carregar tudo para onde sabíamos que iria dar, mas escondíamos de nós; o fim. Viver a eternidade é sorrir a cada dia, amar a finitude do outro estando cientes da nossa e fechar tudo com um "grand finale"; "Viveu tão bem sua finitude, que eternamente lembraremos da vida".

Se há vida eterna, vida em abundancia, quero que todos descubram-na. Amar a vida, não a saúde, não a eternidade, mas o curto espaço de tempo em que existimos, e vive-la intensamente, é a chave da esperança, e se esta é a última que morre, é a chave da eternidade. Existe em mim a memória de vidas que foram vividas e que me apontam para uma Vida que me move a viver.

In memoriam de Allison Ambrosio; que por existir cada momento, por gozar das finitas alegrias, cantar tantas canções carregadas de nobres fins e por amar a vida, é impossível crer que não respire mais. Em suas lembranças deixadas existe tanta alegria, que pra eternidade gerarão vida e vida em abundancia. Morreu hoje Jesus. Jesus Allison Ambrosio, de quem a vida inspira vida, de onde do fim surge recomeço, do qual a morte gera aquilo que me dá esperança. Vivamos a vida como ele a viveu, viveu até o fim e viverá em nosso recomeço.

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