Dia 3 de maio de 2011, terça-feira
Mais um dia de trabalho...
Hoje como um dia qualquer levantei e fui para o trabalho. Peguei um busão lotado, ouvi Rush, Red Hot, Chambao, Ole Funk, Falcão, Zeca Pagodinho e Pavarotti. Como já sabes, gosto de diversificar meu vocabulário musical. Vi um cartaz muito interessante de um Banco holandês que tem sede nos EUA e tem grande clientela na argentina. Cheguei atrasado. Trânsito dos infernos...
Sentei em minha cadeira, ajeitei o microfone, estiquei os braços em direção ao teclado do PC e respirei fundo: "Vamos lá!". Primeiro nome a ser chamado à recepção (um Hospital vive cheio, então todos da fila já estavam nervosos): "Senhor Lars Von Füks... (um minuto de estranhamento com o nome) Senhor Lars Von Füks". Nome chique esse né?! Então ouvi um "Bom dia" grave e bem dito. Tirei os olhos do papel com o nome do paciente e me espantei à minha frente um negão 4x4 careca de barba cheia e vestido com uma bata branca. "Von Füks?" - perguntei - com estranhamento e sobrancelhas cerradas, o afrodescendente (que pelo nome não era bem afrodescendente) balançou a cabeça sem cabelos positivamente.
"Estranho não?" - pensei - "Deve ser a miscigenação... É, deve ser a miscigenação". Pois bem, você não vai acreditar, não mesmo! Foi assustador! O próximo nome: "Por favor, Senhor Abdulah Mohammad, Senhor Abdulah Mohammad"... Calmamente guardei o papel na gaveta, fechei a gaveta, levantei a cabeça e os olhos, e... ERA JAPONÊS!!! COMO ISSO??? UM JAPONÊS!!! ABDULAH MOHAMMAD?! JAPONÊS!!! "Deve ser a globalização, deve ser... Só pode!". Curioso perguntei: "O senhor é descendente de árabe?", respondeu: "Não, eu sou chinês". CHINÊS!!! O ABDULAH ERA CHINÊS!!! Meus olhos e ouvidos estão muito mal treinados! Você me entende? Compreende o que se passou?
Bom, eu compreendi. Não é a globalização e nem a miscigenação. É o preconceito!
Até próximas conversas querido diário,
João Maria de Carvalho
(Recepcionista de um Hospital)
Gratis i Kristus
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