terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Fundamentalismo: pelo fundamento

Já disse outra vez em outro post que não gosto de "ismos" - o único que me interessa é o cristianismo; por causa de Cristo, e não do "ismo". Porém, aqui nesse texto, lançarei mão de um termo muito gasto e que termina com "ismo". Assim como quanto a Cristo, não o usarei por causa do "ismo", mas, por causa do "fundamento": fundamentalismo.

Esse termo anda muito desgastado. Para um grupo ele remete ao movimento de guarnição da sã doutrina e salvação da humanidade, enquanto que para outro é exatamente o contrário: objeto a ser jogado fora e considerado um lixo produzido pela mesma humanidade. Para mim, não será nem uma coisa e nem outra. Aprendi num livro infantil (Alice no País dos Espelhos) que as palavras dizem aquilo que eu quiser que elas digam - dependerá do salário que eu pagar para cada uma delas.

Não vou criticar quem ataca o fundamentalismo ou todo tipo de tradição - apesar de achar que atacar tradições pelo fato de serem tradições é uma grandessíssima besteira -, e muito menos defender quem se firma tanto a tradições que não consegue mais sair do barco e andar sobre as águas para se encontrar com Cristo. Vou aqui dizer que creio em um fundamento, que o defendo e que jamais abriria mão dele. Creio que esse fundamento seja chave de nossas relações de proximidade e de nossas relações com Deus. Creio em um fundamento que é o ponto de partida e o alvo em que devemos manter os olhos fixos. Creio que nos fundamentamos em nosso encontro com Cristo.

O ponto de partida de nossas experiências de Fé é o que chamamos de "encontro com Jesus". Alguns marcam dias, escolhem datas, períodos, músicas e outros escolhem afirmar que esse encontro precisa ser repetido todos os dias. Qual será a afirmação, acho que não faz diferença. O importante é que nossa construção de Fé e toda nossa caminhada dependerá desse encontro, do resgate desse encontro, das interpretações que daremos à experiência desse encontro. Temos nosso fundamento: o encontro.

Ao mesmo tempo que esse encontro é o ponto de partida, deveria ser ele o filtro para as próximas escolhas de nossa vida - nossa Nova Vida. Deveria ser através dele nosso processo de alimentar esperanças. Deveria ser ele o crivo, a pedra fundamental para nossa interpretação da Bíblia e suas passagens. A experiência íntima e única com Cristo deveria guiar nossos passos, apontar para onde devemos seguir, apontar para Cristo. Assim como a Ceia, o encontro com Cristo é resgatar na memória as esperanças para o futuro...

Nesse ponto, devemos ser "fundamentalistas" - não abrir mão do primado do encontro com Cristo. Carlos Mesters disse que Deus escreveu dois livros: a Vida e a Bíblia, sendo que o primeiro deve ser lido antes para que se entenda o segundo. É exatamente isso! Nosso encontro com Cristo se dá na vida, no cotidiano, na experiência com a Vida; é depois dela que temos a experiência religiosa, de leitura Bíblica, costumes, reflexões, renovações ou o que mais quisermos listar.

Sim, há um fundamento a ser guardado, há um ponto em que devemos ser fundamentalistas. O que me intriga é essa tentativa de resgatarmos a experiência do encontro com Cristo - os sentimentos, o que dissemos, o que ouvimos, o que testemunhamos, pois, se foi uma experiência de amor, como leremos os textos bíblicos? Se é uma relação de redenção imerecida, como nos relacionaremos com o próximo? Se é uma experiência que transcendeu paredes, roupas e aparências, como trataremos as diferenças? Se nos foi Revelado de maneira que entendemos e todos podem também entender quando testemunhamos sem a necessidade de esforço, o que afirmaremos sobre profecias? Se resgatarmos esse fundamento, em que chão estaremos pisando?



Gratis i Kristus

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