Transcender as fronteiras é o primeiro passo na busca do "quem somos nós". Quem sou? Quem é? Quem somos? O que ser? Hermann Hesse em seu livro "Caminhada" escreve: "Sob muitos aspectos o andarilho é um ser primitivo... mas é o desdém pelas fronteiras e pela vida sedentária que torna seres como eu [andarilho] os guias do futuro.". Aquele que pretende e sonha com o conhecer-se a si mesmo precisa ser um destes andarilhos. Homens e mulheres que não permitem que o horizonte delimite e separe o céu da terra, os azuis dos ares e das águas. O problema é que aquilo que os olhos não alcançam ou não enxergam nos assusta. Imaginar um mundo para além daquele que se apresenta é assustador, querer contrariar destinos e lutar contra os "deuses" exige muito da vida. O sonho de liberdade pode acabar nos prendendo.
Na busca de quem somos, do conhecer, da essência e do transformar-se, visamos simultaneamente a liberdade. Poder escolher o caminho, trilhar com as próprias pernas, ser independente das regras e exigências, desprendido de imposições, ter consciência de si e tomar as rédeas da própria vida requer compreender a responsabilidade disto. Ser livre, ser o que se é no íntimo, exige da alma uma consciência sempre presente, um comportamento sempre diferente dos outros, sempre maduro e sempre em amadurecimento. A liberdade assusta. Conhecer-se assusta. Descobrir aquele que vive em mim é difícil demais. Ser aquilo que sou, ser livre, requer muita responsabilidade. Mas: "Vos envio como cordeiros no meio de lobos", "Para liberdade que fomos libertos", "Se quiser vir após mim, tome sua cruz e siga-me"... A dificuldade de assumir a vida é que esta só é assumida ser for com o preço da liberdade, e esta com o peso da consciência...
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