terça-feira, 3 de abril de 2012

A vida é um jogo de pôquer.

Passei a ver meu dia-a-dia como um jogo de cartas. Somos todos homens e mulheres sentados em uma mesa circular com os olhos fixos uns nos outros. As luzes do salão são fracas, a mesa é carpetada de verde e o crupiê tem em seu crachá dourado gravado seu nome e sobrenome: "Sr. Acaso Necessário". As cartas são embaralhadas, distribuídas e organizadas na mesa. Cada homem e cada mulher deve ter coragem para observar atentamente as suas "armas" e, ao mesmo tempo, as que possibilitam e dão o tom do jogo. A vida é um jogo de pôquer de apostas altíssimas...

Dependemos uns dos outros e, por alguma razão, estamos uns contra os outros. Por isso, fazemos corporações, negociamos apostas, falamos durante toda a partida, jogamos "um verde", piscamos, flertamos, mandamos beijos, trememos as mãos, cochilamos, nos defendemos e atacamos. Uma piscada a mais e ruímos, mesmo que municiados com boas cartas na mão. A vida é um jogo de pôquer de apostas altíssimas e conversas futilmente vitais...

Para nos mantermos alertas e jogando, precisamos de água, álcool, comida e uma bela companheira bem vestida em pé ao nosso lado ou um musculoso acompanhante que mantenha a mão no ombro da jogadora para satisfazer os prazeres e distrair os adversários. Todo o tempo o jogo é tenso, toda tensão nos põe um instante mais próximos do fim da partida. O incansável crupiê constantemente reembaralha, redistribui e reorganiza as cartas. Os hábeis e os imbecis jogam pela vida e armam instrumentos que permitam estar um passo a frente dos outros. As corporações e os negócios passam a ser regrados pelos jogadores. Uns falam com outros, armam-se para aumentar as apostas e vencer os demais. A vida é um jogo de pôquer de apostas altíssimas e conversas futilmente vitais que regem e determinam o tempo dos jogadores no próprio jogo...

Para provar que um pode ajudar o outro, os jogadores pedem que os adversários dêem suas palavras. Pois bem, basta que um blefe para que todos caiam. Se esperarmos dos homens que se provem por argumentos, a primeira cartada de um mentiroso levará embora todas as nossas apostas. No desespero, os homens confiam na boca dos outros, entregam-se às mentiras e à superstição. A vida é um jogo de pôquer de apostas altíssimas e conversas futilmente vitais que regem e determinam o tempo dos jogadores no próprio jogo de acordo com os critérios que utilizam para confiar em suas conversas...

Se o jogador esperar do crupiê uma boa organização das cartas, correrá riscos demais e sucumbirá. Porém, por outro lado, as jogadas só são realizadas de acordo com as possibilidades entregues pelo crupiê; não há um milagre no carteado. As chances só aumentam quando os jogadores conversam uns com os outros. Entretanto, se houver um mentiroso, os honestos caem. Se as conversas dependerem da fala e dos argumentos, os ardilosos garantem a queda do "Reino dos Céus". Agora, se os jogadores estabelecem como critério para as conversas a carne do adversário, encurta-se o espaço da mentira. A carne não guarda segredos, expõe feridas. Os jogadores que desacreditam das palavras e tem Fé na carne e nos encarnados, nunca ganharão as apostas, nunca desbancarão o jogo. Porém, também nunca sairão da partida antes de seu tempo...

A vida é um jogo de pôquer. Qual será nosso critério para jogarmos? Meu dia-a-dia é um jogo de pôquer. Meu critério e experimentar de tua vida, não mentir quanto à minha e desistir de ganhar o mundo, preferindo não perder minha alma.



Gratis i Kristus

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