quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Não sou isso, não sou aquilo. Apenas sou.

Dar um tiro no meio é um problema. Beber o bom de todas as águas, retirar a imagem mais bonita de cada quadro, a boa palavra de cada discurso. Isso apenas gera mais dor de cabeça. O isolamento e a incompreensão são quase que inevitáveis.

Os capitalistas me vêem como um comunista, libertário sujo por não concordar com a economia de mercado, buscar o fim da desigualdade e pregar contra a lógica consumista. Já nossos amigos de esquerda me chamam de burguesinho vagabundo por não crer que mudanças políticas e/ou econômicas mudarão o mundo, além de viver com os pés no chão e perceber que não adianta fingir que existe fuga para o sistema no qual estamos inseridos, temos é que aprender as regras do jogo e utilizá-las contra o próprio sistema.

Os brasileiros olham para mim como se eu fosse um projeto de europeu nascido no Brasil por sempre manter-me atento aos processos históricos e tecnológicos que podem ser exemplos a serem seguidos por nós, tropicais. Já os estrangeiros me encaram como um brasileirinho metido a patriótico já que nas conversas sempre comparo meu país a outros e viso o interesse de meus "companheiros".

Os cristãos me chamam de herege por repensar a maneira de ler a bíblia, refletir sobre as nossas relações com o divino e a sã doutrina pregada a tanto tempo. Ao passo que os ateus chacotam da minha religiosidade, me têm como um carola por frequentar a igreja "religiosamente", participar das liturgias e sempre ter uma respostinha cristã na ponta da língua.

Os evangélicos pedem para que eu mude de religião por não participar das rodas, idéias e gostos comuns de meus "irmãos", sem contar a leitura e admiração de livros e interpretações de padres católicos. Enquanto que os católicos não vão com minha cara por não concordar ou não sincronizar com a razão e o sentido de tantos "rituais" e a reza para uma imagem.

Os ecumênicos não compactuam muito comigo por eu não concordar com as práticas religiosas de todos os segmentos, nem achar muito possível que unidas possam pregar e caminhar juntas já que cada uma toma seu caminho e este por sua vez, é sempre diferente. Os não ecumênicos se distanciam de mim por eu respeitar e extrair conceitos de outras religiões livre, leve e solto.

Meu espelho não gosta de mim e me acusa muitas vezes de que é muito feia a minha atitude porque estou em cima do muro. Entretanto, minha consciência me aponta para uma percepção diferente, não fico em cima do muro, eu tomo atitude, tomo a frente de minhas decisões e escolhas, e no fim, bebo o que há de bom em todas as águas, leio a boa palavra dos discursos, retiro as imagens bonitas de cada quadro, dou um tiro no meio e acerto o alvo. Uno o que completa minha humanidade, o que compactua com meus sonhos, e ao invés de tomar a bandeira de um partido, os dogmas de uma religião, a camisa de um time, eu simplesmente sou.

Sou o que? Bruno Reikdal, amante do cristianismo, sonhador de uma sociedade mais justa, andarilho que não voa mas tem os pés no chão, prático, ponderado e segue sua trilha de se tornar de fato um ser humano, enquanto, simultâneamente, tenta humanizar a humanidade que se encruzilha com ele. Um romântico, bobo, que acha que assim conseguirá cumprir consigo mesmo o papel a que se presta.

Um comentário:

  1. falou e disse. você é mesmo um pensador, não? :) e consegue explicar com muita clareza.. Deus te abençõe sempre.

    ResponderExcluir