"Ser ou não ser?" - diz Hamlet. "O sumo bem?... Melhor não nascer, não ser, nada ser." - diz Cileno à Midas. "O que acontece com o homem bom, acontece com o pecador... Este é o mal que há em tudo o que acontece debaixo do sol: o destino de todos é o mesmo... e por fim eles se juntarão aos mortos." - escreve o sábio em Eclesiástes. "Quem prevê o que vai acontecer? Desordem reveza com ordem, Erros sucedem verdades. Em sua cegueira o homem ignora As vicissitudes das coisas..." - reflete Lao-Tsé. Pesado, triste, forte, trágico. Como destas coisas existe esperança? De onde vem uma vida? Uma força pra viver? Como pode o homem continuar em sua miséria, constatando sua miséria, vivendo sua vida limitada, resistindo à sua consciência de seu sofrimento?
"Das divergências surge a harmonia" (Heráclito). Uma sabedoria trágica, uma existência "Eclesiástica", a esperança que surge do "é o que temos para hoje". Se melhor fosse não nascer, não ser, nada ser, se somos, é o que temos para hoje. A vida é aleatória, incontrolável, caótica, mas é vida. Uma esperança que surge na possibilidade de ser, amadurecer, crescer, se formar, aprender e render a vida, mesmo que seja em meio a esta triste miséria, triste realidade. Uma esperança cristã. Uma força de Cristo. "No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo: Eu venci o mundo". Um Deus que se esvazia, se faz homem, sofre a miséria da vida, e vence. Vence? Sim, dá sentido, significado à sua existência e à própria miséria, aleatoriedade. Faz de seu nada valores. Faz de sua dor esperança. Faz de sua morte vida. E apresenta desta morte, uma nova vida.
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