quinta-feira, 7 de abril de 2011

13 pessoas morreram por isso...

7 de Abril de 2011.

Um jovem entra numa escola e dispara contra alunos e professores...

Que dia cinzento! Apesar do sol e do bom tempo, da brisa vinda da praia, do comum trânsito de todos os dias e das rotineiras práticas do acordar, este dia seria cinzento. Não por causa dos prédios, da fumaça dos ônibus e caminhões, das nuvens de chuva ou do uniforme de alguns policiais. O dia seria cinzento porque mais uma vez a vida não se apresentaria como preta ou branca. Uma gama de tons sempre esquecidos e desapercebidos, lembraram-nos de longos períodos de silêncio e pesadas respirações. Como é incômodo o silêncio! Como são insuportáveis as pesadas respirações. Um homem acordou angustiado, arrastou o corpo e lembrou-nos de longos períodos de silêncio e pesadas respirações.

Que tamanha angústia seria capaz de guiar a morte nas as mãos desajeitadas e trêmulas de um jovem? Ou será que foi um abismo de egoísmo que encheu de temeridade e fúria o coração de um desconhecido? Como é possível que tamanha frieza acumule-se em um corpo humano de sangue quente e brilhe os olhos de terror? Qual fora a maldade que sofrera durante a vida e que o tornara capaz de perder a própria alma dentro de si? Criminoso infiel ou inocente parvo? Lembrei-me de que a vida não é e nem nunca foi preta e branca. O dia hoje foi acinzentado.

Quando criança, Tom, como era conhecido entre os amigos da escola, acordou de madrugada. Uma barulheira danada vinha da sala-cozinha de seu casebre na Zona Oeste do Rio. Naquela noite tenebrosa, pela fresta da porta do quarto onde dormia com seus 4 irmãos, viu seu pai em casa bêbado abusando de sua mãe. A pobre senhora negra e baixinha com um dos olhos roxo, cortes e arranhões no braço e sangue escorrendo pelo canto da boca, sofria nas mãos e no corpo de seu covarde e temeroso marido. Um homem de barba mal feita, feitio desgastado, sumido que apenas vez por outra aparecia em casa, que por sinal não era a única que visitava desta maneira. O menino Tom guardara para si seu primeiro grande medo. Junto ao medo, sempre é plantada a semente da vingança, que não brota, mas cresce debaixo da terra, e quando germina, germina tudo de uma vez, sai de dentro do terreno uma árvore formada logo que algo lhe permite respirar. O perigoso destas árvores é que podem crescer tanto, que saem do fundo do coração e cobrem os olhos. O vingador já não age mais por si, é a árvore que cria vida e domina por inteiro suas ações. O menino Tom, a criança Tom, ainda veria muitas vezes esta cena, ainda apanharia daquela figura paterna alcoolizada, sofreria nas mãos de colegas, seria traído por quem amava, perderia seus desejos, não criaria mais sonhos, morreria antes mesmo de perder a vida. A criança Tom descobriria o cinza da vida. Encontraria refúgio em filmes violentos e músicas que pedem alguma ação! Perderia o controle de si, deixaria que a árvore cobrisse seus olhos... 13 pessoas morreram por isso...

Ou quando criança, o menino Li, como era chamado pela mãe e os irmãos, tinha um gênio difícil. Descobriu a delícia de trazer os prazeres para si. Li conheceu o gosto do egoísmo, sentia-se o maior centro que o mundo já tivera, o maior umbigo que o mundo já viu. Sua vida valia mais que tudo e os outros não seriam nada além de meros mortais. Nem seus irmãos, nem seus pais, nem ninguém, nem todos... Para Li o importante era ele, era o eu. Porque os outros e não a mim? Embriagou-se de egoísmo. A pior das bebidas para tornar-se viciado é o egoísmo. Este, além de torná-lo alcoolatra, nunca o permitirá tratá-lo com grupos anônimos, não existem Egoístas Anônimos. Você sempre será e deverá ser o destaque, o nome em pauta. Pois bem, não era o caso de Li. Seu nome era pauta em casa, mimado e amado, no colégio, pentelho e folgado, na rua, traficantezinho mal-criado. Mas não era suficiente, seu egoísmo ainda não tinha sido saciado. Jamais o seria, pois egoísmos são surdos que falam mais que a boca. Encheu-se do egoísmo, encheu-se do mal. Os olhos fumegaram de raiva! Seu ego começou a berrar! Em tiros silenciou o ego, e logo depois começou a chorar... Covarde! Não suportou o sangue que derramara... Ou então, para que seu ego fosse saciado, deveria ser o nome de Li falado em todos os jornais... 13 pessoas morreram por isso...

Talvez doença, psicopatia, trauma de infância, maldade pura! 13 pessoas pagaram por isso. Wellington por causa deste incompreensível matou. Wellington lembrou-nos que a vida não é preto e branco. O mundo não é preto e branco. Tudo é muito confuso, tudo está muito acinzentado! Alguns culpam a ele, outros culpam ao sistema, à sociedade, à Deus ou ao Diabo. Não importa! O mundo continua acinzentado! Nossas vidas embaçadas, nossa dor compartilhada e a fala silenciada. Quem o culpa eu entendo, quem responsabiliza o sistema eu também estou do lado, tenho pena quem dá o crédito ao Diabo e muito me assusta e preocupa quem diz que Deus tem o controle, um propósito, que Deus é responsável. Não importa! O mundo continua acizentado! Escrevi, escrevi e escrevi e não consigo mais parar... Minha boca cala, e meu coração está cheio. Tudo para ver que é imconpreensível! Hoje, 13 pessoas morreram por isso...


Gratis i Kristus

4 comentários:

  1. Prof. Paulo Romeu de Fillipo7 de abril de 2011 às 14:35

    Nossa achei muito bom! Você escreve muito bem! E concordo plenamente, não importa o motivo, o que importa é que 13 pessoas morreram hoje. Parabéns pelo texto! Continue assim!

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  2. FANTÁSTICO! Parabéns! Um pouco longo mais vale super a peeena!

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  3. LEGAL BRUNO, GOSTEI DE VERDADE! PARABENS PELA INICIATIVA.

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  4. Nossa, adoreeeeeeei! Muito reflexivo!

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