segunda-feira, 6 de abril de 2009

A culpa da moral, sendo esta o que quer que seja...

Continuando a reflexão sobre a culpa, me deparei com um conceito, a moral. Defendida por todos, definida por cada um, diferente entre os grupos; a moral, se analisada em seu sentido pratico, e' simplesmente o conjunto de regras que constituem a ideia de certo e errado.
Durkheim, Comte, Kant e muitos outros tentaram encontrar a origem da moral e compreender o certo e o errado. Será que existiria um conceito universal? Será que existe uma moral certa? De onde, como e para que criou-se esse conceito?
A problemática ainda causa muita discussão e divergência. Como me preocupo com a igreja e amo o cristianismo, o qual faz parte de mim e eu sou extensão dele, quero tratar do ponto da moral religiosa. Não procurar uma verdade ou um tratado imutável, mas simplesmente refletir, discutir e abrir uma linha de pensamento (que provavelmente já existe e foi considerada, mas eu não tenho acesso e também não fui consultado sobre o assunto, hehehe) sobre a moral religiosa.
Será que Deus estabeleceu uma "moral" para os homens que estes devem segui-la? Será que estamos fadados a cumprir esta moral divina para conseguir apreciação divina e a permissão de participar da vida eterna? Mas e quem nunca teve acesso a este preceito divino e nunca ouviu falar em tal moral? Como que funcionaria então o certo e errado para estes?
Bem, levando em consideração o Deus que conheci, creio que Ele não esteja preso a nenhuma "regra de atuacao e existência". Creio que não viva preso a um quadrado, circulo ou retangulo de maneiras de agir e ser. Creio que Ele em sua eternidade e sendo infinito, não pode por nos ser preso e estabelecido em um estábulo de moral. Não estou dizendo que Deus e amoral, longe disto. Apenas estou questionando se nos compreendemos Deus como Deus ou se O tratamos como homem. Por ser divino, infinito e eterno, não e possível que tenhamos compreensão de quem Ele e e como age, pensa e cuida de nos.
Quando dizemos que Deus sempre e o mesmo e nunca mudara, pensamos que Ele seja rígido e de uma maneira unilateral de existir. Nos como humanos temos que nos enquadrar a este Deus imutável e rígido. Mas não seria ao contrario? E se este Deus na verdade for sempre maleável no sentido de ser tão grande e imenso que não compreendemos que sua imutabilidade e' em ser mutável? Traduzindo: Deus e' sempre o mesmo, sempre muda para se relacionar connosco. E' muito mais fácil e faz muito mais sentido um adulto se infantilizar e tornar-se criança para ensinar e cuidar de seus filhos do que o filho ter que estudar, crescer, se adultizar e aprender a falar e agir como gente grande para se relacionar com pai.
Então, em relação a moral e o certo e errado que cada cultura, grupo e pessoa, creio que Deus compreende e trata de cada um dentro de suas limitacoes e dentro das limitacoes que os homens se auto impõe. A religião criou sua moral e enquadra as pessoas a ela. Considerando isto, a moral que cada um preza (e o cristianismo tradicionalmente também) e tem como verdade absoluta e fora deste caminho e o errado e torto que leva a pessoa a ser ma e sem escrúpulos, e na verdade sua compreensão de certo e errado. Não existe então uma moral universal e sempre certa, a menos claro a perfeição do próprio Deus, mas esta cabe somente a Ele, já que nos por nos somos limitados e entendemos partículas dessa "moral", apreendemos pequenos fragmentos do "certo e errado" de Deus.
A filosofia kantiana e a sociologia de Durkheim trataram o homem como ser humano diferente dos outros animais por ter a capacidade de estabelecer o julgamento moral entre os semelhantes; a capacidade de ver o certo e ver o errado. Em parte isso e verdade. E retomando a reflexão que fiz anteriormente sobre a culpa (o texto que precede este do blog), a moral sem duvida nenhuma nos traz o jugo da culpa, a moral religiosa então, nem se fala. Podemos nos livrar da culpa por Cristo e compreendendo que Deus nos compreende e por isso e' misericordioso, amoroso e paterno para conosco, não de acordo com a moral religiosa e o certo e errado humano, mas sim com o sacrifício, o amor e o julgamento divino.
Chego a conclusão de que a moral nada mais e' do que a capacidade de criar o certo e ver o errado, e que esta por si só no âmbito humano, de nada vale a não ser para gerar a culpa e o castigo para os transgressores. E claro, que assim e que conseguimos organizar nossa sociedade, mas como cristão e amante de Deus e de Cristo, devo entender que há algo que transcende minhas simples regras e concepcoes de certo e errado. Que há um Deus de amor que sempre e, foi e será o mesmo. Um Deus pai que se inclina para cuidar dos filhos, se torna como humano para ama-los e salva-los.

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