Neste domingo estava dando aula na igreja para adolescentes (por incrível que pareça, eu dou aulas... acho que é devido a falta de pessoal), e nós nesse semestre estamos trabalhando as histórias contidas no livro do Genesis, uma releitura de seus textos e novas maneiras de se enxergar os seus conteúdos.
Trabalhar com inova coes, idéias e novos conceitos é um problema sério. Primeiro porque precisamos quebrar dentro de nossas cabeças os muros do preconceito. Nesse caso não me refiro a cor da pele, classe social ou problemas sociológicos, mas de conceitos que nos são ensinados, adquiridos, assimilados e pior, tratados como verdades absolutas: PRECONCEITOS. Segundo porque temos que saltar o muro do concreto. Não, você não leu errado e eu não escrevi errado, é muro DO CONCRETO mesmo. Nossa visão é limitada pelo material, o concreto, o real, físico, nem um pouco místico ou metafórico. Não queremos coisas incertas ou inexistentes, aceitamos apenas o que vemos e nos for comprovado na pratica. Terceiro e ultimo ponto (que me darei ao luxo de apontar) é o da arrogância geneticamente adquirida. Todos nós, seres humanos, homens, homo sapiens ou como preferir, geneticamente somos arrogantes no que diz respeito a achar que sabemos algo que ninguém mais sabe.
Enquanto falava sobre o capítulo 4 de Genesis (a história de Caim e Abel), me dei conta de como é complicado reconstruir uma história já preconcebida em nossa cabeça. Não vou entrar no mérito de quais conceitos trabalhei, mas sim no processo de formação destes. Para podermos enxergar as coisas de outra maneira, com outra visão, precisamos de novas ferramentas.
Darei um exemplo prático: quando eu era criança, minha cama ficava bem de frente para a porta, que permanecia entreaberta mostrando parte do corredor. Morria de medo imaginando que havia ali um monstro, pois ouvia barulhos de passos e do piso de madeira, mas não havia ninguém andando. Depois, perdi o medo, já sabia que não havia monstro, mas não sabia ainda explicar o porque dos barulhos.
ETAPA 1 - Experiência
A ferramenta que sempre tive foram minhas experiências. Ouvia passos, logo, imaginava o incerto. E disso, eu tinha certeza (preconceito) que havia um monstro. Não tinha como controlar ou descobrir os porquês daquilo tudo, logo, tinha medo e buscava as respostas partindo de minha imaginação e experimentacao; olhar e tentar ver o que acontece.
ETAPA 2 - Percepção
A ferramenta que eu aprendi a utilizar enquanto crescia era a percepção. Percebia e entendia que aqueles sons aconteciam naturalmente. Pois agora conseguia ouvi-los de dia também. Compreendi então que era normal, não tinha a explicação do porque, isto agora tornara-se incerto, mas não me impedia de dormir a noite e ter certeza de que não havia monstro algum naquele quarto. Desenvolvi meu conceito, perdi meu preconceito e agora tinha uma nova ferramenta para lidar; além da experiência, percepção.
ETAPA 3 - Amadurecimento
Continuei a crescer, os sons já não me incomodavam mais. Estudei, aprendi física, química, fiz pesquisas, e sem me dar conta, descobri que não tinha medo dos barulhos, mesmo sem ter as explica coes e porquês, e agora, depois de maduro, tinha as respostas em minhas mãos. "Devido as mudancas de temperatura, o material madeira expandia-se e comprimia-se". O fato de saber isso nunca mudaria o fato da madeira fazer barulho, mas eu tinha explicacoes. As explicacoes em si não me fizeram perder o medo do monstro pois este eu ja tinha perdido, mas me comprovaram que não era necessário temer; agora tenho uma ferramenta que me faz rever a realidade.
O grande problema é que quando se tratam de conceitos teóricos ou, no caso que mais gosto, religiosos, não estamos disposto a adquirir novas ferramentas para reler os conceitos. Tentamos encontrar os novos conceitos utilizando as mesmas e velhas ferramentas, ou só as expeciencias ou apenas percepcoes. Nunca estamos dispostos a amadurecer, rever os conceitos e trabalhos lógicos, reavaliar raciocínios e instrucoes. Para que haja sempre um avanço para um crescimento, amadurecimento e novas compreensoes de realidade, precisamos sempre de novas ferramentas.
Otimo texto Bruno
ResponderExcluirEu só acrescentaria a esta lista de ferramentas maravilhosas a intuição. No mais, tudo que for teoria só terá uma verdadeira relevancia para as nossas vidas, se junto vier a pratica experiencial.
Mas também não podemos perder as percepções que temos da vida, juntando tudo isto e batendo no liquidificador pensante dos pensamentos, nasce a sabedoria, que logo mais será lapidada e transformada em amadurecimento.
Abraços