terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Contar, Ouvir e Escrever

Apesar das estórias bíblicas serem milenares, datarem milênios antes de Cristo, foram escritas e compiladas apenas alguns séculos antes de Cristo. Como foram tão longe? O segredo e a graça da brincadeira estavam no ouvir. Por tradição oral, os mais velhos ensinavam para as crianças a língua, a religião e a cultura utilizando-se destas estórias. O grande segredo e a graça da brincadeira era o ouvir. Parar o corpo, aquietar a alma e deixar que as palavras ditas revelem aquilo que está oculto aos olhos.

Contar, ouvir e escrever estórias é o que fazemos todos os dias, é o que somos e é o que seremos. Alguém nos conta ou contou, nós ouvimos e passamos a assinar estas coisas de próprio punho. Se um dia Cristo nos conta sua estória, nós ouvimos e a escrevemos em nosso coração. Pois bem, esta é a caminhada que temos, a carreira que nos é proposta. Corramos com perseverança.

Para isto, é necessário que alguém nos conte algo e que nós ouçamos para então escrevermos em nós, com o nosso punho, este algo contado. Se somos capazes de escrevê-lo, também somos capazes de contá-lo. Nosso desafio é conseguir cumprir estes passos. Novamente, é necessário deixar que as estórias se contem a nós e nós possamos ouvi-las para tê-las conosco, podendo então escrever estas “leis” não em tábuas de pedra, mas em tábuas carne, em nossos corações.

Permita então que a Bíblia te conte as estórias, e não que você as procure e as tire de lá. Pois se isso acontecer, não são as estórias que se contam a você, mas você que sem tê-las ouvido, fala histórias. Cála-te! Não como um imperativo autoritário e maldoso, mas sim como um suspiro de “calma, meu coração”. Deixe que Deus te fale e te traga as novidades do Evangelho, da Palavra que se renova todos os dias, que nunca deixa de ser Palavra. Não podemos nós dar o valor à Palavra, mas ela que pode nos dar o Valor, o Valor Eterno. Portanto, para que possamos contar as estórias para as crianças sedentas por aventuras e novidades, antes precisamos ouvi-las e escrevê-las em nós. Não sou eu e não é você que dominamos a verdade e a falamos para crianças, mas é a Verdade que nos liberta e é livre com seu Espírito para soprar, assim como o vento, onde quer sem que alguém a controle e diga que será “por lá ou por aqui”.

Assim, nós não devemos dar o valor das estórias, não podemos criar nelas uma “lição de moral”. Apenas contemos estas estórias! Deixemos que elas se encantem e se marquem, sejam ouvidas e escritas na vida das pessoas. Não pela lição limitada, temporal e recortada de um excerto, mas pela Verdade Eterna, ilimitada, perfeita e libertadora para a qual apontam! Que possamos combater bem este combate. Que as estórias se contem e nós as ouçamos, que escrevamos em nossas vidas e que pessoas possam também escrevê-las ao ouvi-las contadas por si mesmas através de nós, de nossas vidas. Para contar é necessário ouvir aquilo que fora escrito. Para escrever é necessário ouvir aquilo que é contado. Para ouvir… Deixe que as estórias se contem…

Nenhum comentário:

Postar um comentário