quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

No meu tempo este texto era outro...

No meu tempo o mundo era outro... Os jovens tentavam saber viver e os velhos ensinavam a saber morrer. Quanto mais novo era-se cheio de vigor e sonhos, e quanto mais maduro cheio de sabedoria e serenidade. Não se confundia a vida com êxtase e nem a morte com depressão. O tempo não era nem lento e nem rápido, nem amigo nem inimigo. Era simplesmente necessário; era tempo. O eterno não era estático e nem o finito ruim. O mundo não era imbecil.

No meu tempo a mente era outra... Não se chamava ilusão de imaginação e nem fé de fuga do real. A razão não buscava ter certezas e nem a fé procurava soluções. No meu tempo a dúvida convivia bem com o crescimento, as incertezas impulsionavam nossos saltos e meros métodos não eram suficientes explicações. A fantasia fazia bem e o desejo não se tornava obsessão. As pessoas sabiam suas missões. A mente não nos enganava, era boa companheira.

No meu tempo o dinheiro era outro... Pessoas valiam mais que números e papéis, as trocas eram entre sobras e necessidades, os nomes e palavras valiam alguma coisa. A vida era mais valiosa do que as suas partes. A morte era tão respeitada que apenas os dignos a mereciam. O sofrimento quando sentido era curado por liberdade, não escravizado por sensações e aprisionado por objetos. No meu tempo  dinheiro era símbolo para a igualdade. O dinheiro não era dono de nada.

No meu tempo tudo parecia estar de cabeça para baixo... E meu tempo não faz tanto tempo, ou talvez faça tanto tempo, que ainda não me esqueci dele! Meu tempo só tem o tempo de vinte e um anos! Mas mesmo assim deu tempo para lembrar de um tempo que nunca vivi. Não conheci este tempo,  mas tenho lembranças dele, tanto que sonho e falo a todo tempo com esse tempo mesmo só tendo estado aqui...

Um comentário:

  1. Tempo bom este tempo. Eu vivi num tempo em que Igreja era lugar de culto e adoração. O culto tinha uma liturgia a ser seguida, não era um show de danças e movimentos.
    Eu vivi num tempo em que servir ao Senhor era algo muito sério e se você não andasse na linha era disciplinado. Nesse tempo as jovens usavam saias ou vestidos, calça comprida, bermuda, short era roupa de homem.
    Eu vivi num tempo em que se cantava: Só entra lavado no Sangue de Jesus; A Igreja que eu pertenço é viva, ...
    Esse tempo foi maravilhoso, mesmo com o texto batido e rebatido: "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convém".
    Que tempo bom a minha juventude, mesmo com todas as suas limitações (sem tv, música secular, telefone, computador) e imposições (sem cinema, sem lazer, etc), mas eu não vi nenhum jovem do meu tempo deprimido.
    Não faz tanto tempo assim, mas sinto saudades dos cultos na praça, do evangelismo de casa em casa, das vigílias, da oração antes do ensaio do coral, da bronca do Pastor porque alguma jovem estava com as unhas pintadas de esmalte incolor no culto de mocidade, das amizades sinceras...

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