sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sumiu quando cresci...

Conheci um cachorro que falava, Rodolfo, meu companheiro. Peregrinou comigo por florestas que pulsavam vida. Comemos frutos tão doces que faziam com que as abelhas não produzissem mais mel. Subimos altas montanhas, nos aventuramos por rochas flutuantes, saltamos entre as nuvens, nadamos em águas de cachoeiras que corriam pra cima e desvendamos cavernas e esconderijos enigmáticos. Trotamos com cavalos selvagens, conversamos com os macacos e choramos com elefantes. Descansamos em savanas que leões deitavam ao lado de cordeiros, em selvas que tigres jogavam com cobras e jumentos riam com jacarés.

Conheci o Paraíso quando criança; sem nem sair do meu quarto! Não tinha a certeza do amanhã e nem a dúvida de ontem. Ninguém sentia fome, a tristeza não era a vida, o riso não era necessidade e a sede era pelo novo, não só de água. O tempo era tão grande que o vazio não era percebido. A eternidade se fazia presente. Não é que a morte não fazia parte da vida, mas o Reino era tão grande que a morte não era o fim. A eternidade se fez presente. Pena que logo me fizeram (por inveja) comer um fruto que me roubou a vida, cegou os olhos e ensurdeceu meus ouvidos. Não vi mais Paraíso e Rodolfo não falava mais. Não há mais tempo! O último lugar onde quero estar agora é no meu quarto...

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