quarta-feira, 6 de julho de 2011

Uma palavra chamada "Indivíduo"

Geneticamente determinado, hormônios periodicamente variáveis, estrutura familiar específica, contexto socio-culturais historicamente construído e situação econômica estável. Essa é parte da rede de contextos que me envolvem e podem explicar quem sou. Pelo menos tentam explicar quem sou. Quando a Filosofia foi rainha das ciências dos homens, tudo era explicado e conhecido por ela. As explicações dos porquês da humanidade dependiam dela. Já com a Política, novas frentes de explicação se abrem e tudo se resume em Política. Com a Sociologia acontece o mesmo, com a Biologia, Física, Matemática, Economia, Psicologia... Aliás, um minuto para a Psicologia! Não aguento mais o bendito "Freud explica", o coisinha chata! Mas tudo bem, para um socialista a condição social e econômica explica tudo também. E de explicações e explicações, agora temos uma nova senhora: a Genética. Tudo é determinado pela Genética...

Já passamos por determinismos sociais, culturais, étnicos, físicos, históricos e agora genéticos. E todas essas explicações do que seria eu, tem seu bom lado e sua gama de teorias e análises práticas que indicam uma verdade. Porém, eu não sou essas explicações. Meu grande problema com filosofia, teologia, religião e as outras áreas que sabem as suas explicações, é que nenhuma delas se preocupa com minha individualidade, nenhuma delas entende de fato aquilo que sou eu. O indivíduo Bruno não é só um ser que nasceu em São Paulo numa cultura miscigenada e heterogênea de uma classe de operários mesclada com burgueses que mantém-se na classe média desde o fim dos anos 70 em um núcleo familiar de pai, mãe e irmã que tradicionalmente são de uma religião cristã. Esses são contextos que me envolvem, uma rede de contextos que me envolve, mas não sou eu.

Bruno, imagino eu, é o indivíduo estranho e sozinho que possui uma liberdade absurda capaz de extrapolar as probabilidades e as predeterminações de um mundo extremamente complexo. Na pior das minhas hipóteses, Bruno é um ser livre enclausurado numa teia. O que resta a Bruno é fazer escolhas e tomar decisões quando entra em contato com as pontas dessa rede, os vértices dessa teia. O indivíduo Bruno é aquele que anda por cima de seu inconsciente ou subconsciente, e por baixo de uma camada de tecido genético que entra em contato com meios sociais, culturais e econômicos. O indivíduo Bruno não é a rede e nem produto dela, mas a escolha anterior seguida de seu resultado quando se choca com o mundo a fora. Este indivíduo é o instante eterno que eu não vejo, não encontro, não tenho contato, mas sei que está lá. Sempre existiu e imagino que enquanto eu viver ele continuará existindo. Talvez, até depois que eu deixar viver, ele continue existindo, não sei. Mas sei que este é o indivíduo. Pode ser que "indivíduo" seja só uma palavra, insuficiente para descrever aquele ser do qual estou tentando falar, mas o que importa é que todos o conhecemos, os diversos indivíduos. O que importa não é a palavra em si, mas a conexão que temos com ela. Muito me agrada e muito me preocupa essa palavra: Indivíduo.



Gratis i Kristus

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