segunda-feira, 4 de julho de 2011

De minha leitura para a tua - Lendo Mateus 15: 1 - 20

Este capítulo do livro de Mateus que escolhi para este devocional utilizarei para os próximos dois devocionais também. Neste, fiz uma reflexão bem geral a respeito das escolhas, um próximo será sobre as exigências de Deus, e um último uma reflexão sobre o estranho coração dos homens...

Ontem, assistindo televisão, vi uma personagem num programa de humor bem antigo dizer que não gostava do capitalismo porque ele até se gaba de ser livre e deixar que todos botem tudo que quiserem fora da boca, mas, em sentido contrário, não dá garantia de colocar comida para dentro. Achei fantástica essa leitura cômica da realidade e o contraste besta de dois extremos, de dois opostos. Sempre que estivermos em ano de eleição, movimentos da faculdade ou discussões em aulas de geopolítica ou história, encontraremos uma encruzilhada: capitalismo ou socialismo, direita ou esquerda! Teremos que escolher entre poder colocar idéias para fora, ou comida para dentro. Não permitem que fujamos de um dos dois caminhos, é como se tivéssemos caído de para-quedas no meio de uma ponte e tenhamos que seguir ou para um lado ou para o outro, sem outras escolhas.

Se acredito em algum tipo de destino ou predestinação, é porque acredito que existe um fio de ouro que costura os trapos e retalhos das histórias de cada indivíduo: a escolha. A senhora da liberdade, a rainha dos destinos. A escolha de que falo não é aquela que surge entre duas opções, mas aquela que se estabelece para além das barreiras que tentam estabelecer no meio de minha carreira. Opções são os limites e as finitudes que a morte tenta impor, e a escolha é a porta da liberdade pela qual a vida atravessa para que seja possível que eu exista, que o Bruno seja Bruno, um indivíduo único e diferente de todos os outros, que atropela as probabilidades e surpreende com uma complexidade entendida só na eternidade...

Aprendi de um homem e amigo que admiro muito, o Pastor Villy Fomin, que se uma igreja só permite em sua comunidade pessoas que se vestem de terno, existe algo errado. Mas, se uma igreja tem preconceitos, discrimina ou não permite que participe de sua comunidade pessoas que se vestem de terno, também há algo de errado. Os opostos que não permitem diálogo, provavelmente estão com algo de muito errado. Inclusive, se eu rejeitar aquele que defende os opostos sem diálogo, eu estarei muito errado, pois tornei-me um oposto que não quer conversar. Estes problemas de opções que não me permitem ir além de si mesmas, barreiras que não querem que eu avance com minhas escolhas e cumpra um bom destino, me lembraram de sonhar com a liberdade, preparar-me para enfrentar os limites, apegar-me em minhas individualidades e experiências de fé. Com isso, venho em mais um texto devocional convidar-te, raro leitor, a meditarmos, refletirmos e compartilharmos nossas leituras do Texto Sagrado para o crescimento do coração, expansão da mente, liberdade do espírito e confirmação da nossa fé em sermos escolhidos...

Mateus 15: 1 - 20

Então alguns fariseus e mestres da lei, vindos de Jerusalém, foram a Jesus e perguntaram: "Por que os seus discípulos transgridem a tradição dos líderes religiosos? Pois não lavam as mãos antes de comer!" Respondeu Jesus: "E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês? Pois Deus disse: 'Honra teu pai e tua mãe' e 'Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá que ser executado'. Mas vocês afirmam que se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: 'Qualquer ajuda que vocês poderiam receber de mim, é uma oferta dedicada a Deus', ele não está mais obrigado a 'honrar seu pai' dessa forma. Assim, por causa da sua tradição, vocês anulam a palavra de Deus. Hipócritas! Bem profetizou Isaías acerca de vocês: " 'Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens'". Jesus chamou para junto de si a multidão e disse: "Ouçam e entendam: o que entra pela boca não torna o homem 'impuro'; mas o que sai de sua boca, isto o torna 'impuro' ". Então os discípulos se aproximaram dele e perguntaram: "Sabes que os fariseus ficaram ofendidos quando ouviram isso?" Ele respondeu: "Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada pelas raízes. Deixem-nos; eles são cegos guias de cegos. Se um cego conduzir outro cego, ambos cairão num buraco". Então Pedro pediu-lhe: "Explica-nos a parábola". "Será que vocês ainda não conseguem entender?", perguntou Jesus. "Não percebem que o que entra pela boca vai para o estômago e mais tarde é expelido? Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem 'impuro'. Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias. Essas coisas tornam o homem 'impuro'; mas o comer sem lavar as mãos não o torna 'impuro'."

Normalmente, esse texto é lido para criticar as antigas leis ou as tradições. Mas, o novo rearranjado que não quer nem olhar para o antigo tradicional, é tão cativeiro quanto seu oposto. O problema não é a opção, mas a escolha. Em qual tradição devo apegar-me? Ou ainda, em qual doutrina estabelecer minha fé? A de lavar as mãos? A de honrar os pais? Ao de trocar o auxílio aos pais pelas ofertas a Deus? O que é certo? Nenhuma destas! A escolha que é feita antes delas para traçar o destino do depois das opções é que importa. O que decido comer não é o que valida minha pureza, mas aquilo que em mim me leva a decidir a comida é que media o como puro sou. Puro ou impuro não está na superficialidade que entrará em meu estômago por um tempo e depois será expelida, mas naquilo que da minha individualidade ponho para fora traçando na eternidade o que pretendo ser. Está naquilo que ponho de meu coração na vida, o que faço como escolha, a rainha dos destinos.

A árvore de vida plantada por um Deus eterno está enraizada na eternidade, mas as árvores plantadas pelos homens são opções finitas que serão arrancadas pelas frágeis e alcançáveis raízes. Homens que escolhem por uma raiz mais profunda, atravessarão as opções e decidirão pela liberdade, se alimentarão de um fruto de vida eterna e descobrirão que os limites impostos pelos extremos que não se olham tem um fim esperado, um limite traçado, um destino fechado e fadado ao fim. Enquanto que os homens que se alimentam destas barreiras dos extremos não verão um palmo a frente de seus muros, não saberão da escolha, do destino guiado por suas escolhas e como cegos, vagarão até cair em seus buracos, levando consigo os outros cegos que os guiaram e os que por eles foram guiados.

Para os homens que dependem do que comem e das opções que a eles são impostas, o coração é impuro, morre e mata. Mas, para os homens que são livres e libertos pela Verdade e tomam consciência de suas escolhas eternas para além dos limites do mundo, o coração é guardado, o silêncio terá voz de louvor e alegria. As opções quebradas e deixadas de lado não os tornarão impuros, mas apresentarão vida e a vida que dizemos ser em abundância. A liberdade está para além das leis e das regras que optamos por seguir. Praticantes da liberdade fazem escolhas. Livres libertados são escolhidos. Para além de opostos e extremos, saibamos das escolhas...

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