quinta-feira, 10 de março de 2011

Máscaras da liberdade

Máscara é aquilo que utilizamos para esconder nosso rosto, fingir a aparência. Normalmente a metáfora do "baile de máscaras" é uma crítica a sociedades que vivem de aparentes coerências com regras. Quando uma regra não condiz mais com a realidade de uma sociedade e os indivíduos desta não têm força para formalmente recusá-la, fingem vivê-la quando, na verdade, burlam-na. Vestem-se de máscaras. As religiões adoram suas máscaras cerimoniais! Que belas festas! Tão cheias de efeitos, tão aparentes, tão reluzentes, tão vazias e mascaradas. Prisões em que as pessoas tanto mascaram que perdem-se de si.

Como é possível falar de liberdade num ambiente tão mascarado? Simples, retiremos estas expressões que escondem quem somos sumindo com as regras! Pensando deste modo, acabamos por lançar fora as máscaras que expressavam falsos sorrisos, choros mentirosos, raiva descrente e fervor frio. Demos "tchau" às regras, mas ainda não sabemos quem somos. Porque? O que nos falta? Nada. Ainda algo nos sobra. Agora demos "oi" para novas máscaras. Colocamos no lugar das regras algumas máscaras sem expressão, vazias, limpas, razas. Máscaras mórbidas, máscaras livres! Mas ainda são máscaras.

Quebramos os ritos, os símbolos, os altares, as doutrinas, os costumes e as tradições. Somos livres? Não, vivemos presos à apatia, somos apáticos. Utilizamos máscaras da liberdade, peças novas que substituíram as antigas mas com uma mesma função: escondermos de nós mesmos. Pensamos que liberdade são atos exteriores  e não transformações do ser. Continuamos sem identidade, esquisofrênicos que dizem sagrado e fazem profano, enquanto que o ser é morno e desconhecido. Abrimos mão do eterno em nome de episódios felizes. Não queremos viver de aparências, mas também não nos preocupamos com a estética do ser, a busca pelo belo e bom, por ser igual a Cristo.

A nossa liberdade não está e nem é fora de nós, atos, atitudes e feitos que realizamos em contato com o mundo. Não, nossa liberdade é interna, é o decidir aquilo que somos. Exteriormente somos condicionados pelo mundo, pela vida, por acidentes e tropeços, quando nos deparamos então com nosso coração, com a liberdade de determinarmos e decidirmos o que queremos ser. "Tudo me é lícito" é liberdade? Não! É lei. "Mas nem tudo me convém" sim, é livre, é decisão, é escolha! Liberdade não é abrir mão das regras, máscaras, pois isso também traz consigo uma máscara. Liberdade na verdade é não abrir mão da reflexão, do pensar e decidir o ser.

Esta postura morna, estática, apática, sem expressão, é tão prisão quanto as regras que exprimem hipocrisia. Uma máscara de liberdade é tão máscara quanto a religiosa que vive de aparências. Somos livres em Cristo porque descobrimos poder decidir o que ser independentemente das condições. Cristo não aparentou homem, mas livremente esvaziou-se de si e se fez homem, decidiu caminhar para a morte, e morte de cruz. De fato viveu sua liberdade, escolheu sua vida, decidiu seu ser e foi fiel até o fim. Sejamos livres, vivamos nossa liberdade e deixemos nossas máscaras pelo caminho, inclusive as máscaras da liberdade. Somos livres em ser, não no fazer. A eternidade é, enquanto que a temporalidade se faz de ser... Largue esta máscara de liberdade e seja livre o suficiente para decidir ser alguém!

Gratis i Kristus

2 comentários:

  1. Se me permites um comentário de principiante, liberdade! eis do homem, sua maior utopia.

    ResponderExcluir