segunda-feira, 6 de junho de 2011

Palhaços na Câmara - Texto de minha amiga Raphaella Burti

Normalmente não me atrevo a falar em política, mas ultimamente sequências de descaradas babaquices e hipocrisias no cenário político do meu país têm me revoltado. Ando indignado e sentindo-me curvado por causa de uma suposta placa presa ao meu pescoço onde inscreveram "imbecil". Desculpe-me pelas palavras graves que utilizei neste parágrafo, mas é por causa da revolta. Felizmente, recebi esta semana um texto de minha amiga Raphaella Burti, uma estudante de Gestão de Políticas Públicas na Universidade de São Paulo, que experimentou também um pouco de minha revolta. Com vocês, Raphaella...


Palhaços na Câmara



Nós, como cidadãos, acreditamos que fazemos nossa parte na democracia apenas votando para Presidente, Governador, Prefeito, Senador, etc.

Ao visitar a Câmara Municipal de São Paulo, como parte prática da disciplina de Direito Constitucional e assistir a uma Comissão, percebi, pelo menos naquele momento, que os vereadores mais encenavam do que discutiam. O Auditório Prestes Maia mais parecia um palco teatral.

Era uma Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa, com uma pauta sobre comércio ambulante na região de Pinheiros e a outra não me lembro, mas o que Srs. Vereadores menos discutiram foi a pauta. A primeira fala de um dos vereadores foi sobre a votação de outra pauta, que não foi discutida em Comissão, então se iniciou uma série de “pela ordem Sr. Presidente”, a mesa revoltou-se, todos queriam discutir a pauta de outra comissão que não foi discutida e, simplesmente, esqueceram-se da atual. Pareciam crianças mimadas falando: “Ah, Sr. Fulano falou mais que 20 minutos, eu também posso!”. Arrisco dizer que parecia proposital, discutiram tanto, brigaram tanto, inclusive dois Vereadores se retiraram da mesa, e falavam do Regimento Interno, que, por não ter sido respeitado, estava ignorando a democracia e reafirmando a ditadura, porém não seria o Regimento uma “herança” da ditadura?

O que foi apresentado é pior que ditadura, ao menos na ditadura é proibida participação ou qualquer questionamento do povo, mas na chamada democracia que vivemos, eles fingem que fazem e o povo finge que está bom. Está errado! Não basta elegê-los, tem de fiscalizá-los, questioná-los, PARTICIPAR de fato.

Em toda minha vida, essa foi a primeira comissão que participei, e me decepcionei muito. Gostaria de participar de todas, aliás, assistir a todas, porque participar mesmo, só os Vereadores e autoridades participam, o povo não tem esse direito.

O “engraçado” é observar que, quando na mesa, são inimigos, mas, fora dela são todos muito bem entrosados. Só pode ser para nos fazer de palhaços. A mesa da Comissão mais parece um circo, em que os palhaços da mesa fazem a graça e nós rimos, porque é isto que fiz a Comissão inteira, eu gargalhei com as falas dos Vereadores. Nada é levado a sério. Eles que nos fazem rir, mas, na verdade, os palhaços somos nós.

Talvez tenha me exaltado, entretanto, acredito que muitos concordam comigo. Essa farsa democrática é uma vergonha, pior ainda é o povo permitir que isto aconteça. Enfim, espero poder fazer algo pelo meu país como futura gestora de políticas públicas, e denunciando fatos como este, já é um começo.

Raphaella Burti

2 comentários:

  1. Bruno Reikdal replica o texto da colega Raphaella Burti. Aponta como 'devaneios...apenas devaneios' o título que descreve a práxis de parlamentares na Camara de São Paulo durante a Reunião da CCJLP. Descreve um 'rito' pouco pedagógico do ponto de vista de quem vê e ouve, com a ressalve de que, no caso concreto, quem vê e ouve é o Povo. Há casos nos quais os Edis esquecem que todo poder emana do Povo que 'diretamente' ou por meio de 'representante' exerce esse poder. Em resumo, se pode esconder muitas coisas mas não é possível esconder tudo de todos o tempo todo. Não há mais tempo para devaneios, SMJ.

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